segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Querida Morte

(esse poema transmite tanto sentimento que parece sair do papel..) 
Ó amada minha, mãe de todos meus desejos,
Libertadora de todo meu sofrimento
Só tenho alegria no meu respirar porque sei que um dia irás me encontrar
Teus olhos de mistério despertam uma tormenta de luxúria em minha alma
Luxúria em conhecer-te, em navegar-te, em desvendar-te
Teus cabelos gris sem luz iluminam meus pensares
E eu fico a esperar paciente como se espera a uma mãe
Vem sem demora leva-me desse mundo imundo
Toma-me pela tuas mãos gélidas e pálidas
Abraça-me com a força de um leão
Beija-me e tira-me o que te dou de graça
A vida.

O REI, A RAINHA E A VIDA

(Esse conto é um dos que eu mais adimiro, é um pouco longo mas, vale a pena)

Uma noite dessas a caminhar na estrada,
Me surpreendo ao ver um casal de pedras rindo e sussurrando,
 Fiquei ainda mais abismado ao perceber que o motivo do deboche era eu mesmo,
Me aproximei para tomar satisfações.
 Ao chegar mais próximo uma das pedras gargalhou ainda mais alto.
 Indignei-me e perguntei o que havia de errado...
Qual o sentido da sua vida, homem?
-Perguntou a pedra-
Não entendi?
-respondi eu-
Você vive por qual razão, humano?
-a outra pedra perguntou-me em ironia-
Pensei e pensei, e logo a pergunta
Bateu como um golpe em minha testa,
E não tendo o que responder devolvi na mesma moeda...
E você pedra, vive pra quê?
Foi quando ela disse:
Em primeiro lugar sou eterna nunca nasci.
Em segundo, existo pra firmar o chão que você e os outros seres vivos pisam.
 E você?
-perguntou em deboches novamente-
Como eu não tinha o que responder,
 dei às costas, e em meio à piadas voltei à estrada muito angustiado.
Seria eu a escória dos seres?
Pois até um verme encontra seu papel arando a terra, e eu?
Logo adiante encontrei um pequeno lago,
Olhei-me no reflexo do lago que parecia me dizer algo...
No silêncio da noite azul escutei essas frases que muito me comoveram:
“Perdoa por não ser eu tão sábia como o céu,
 Céu que tudo sabe e tudo vê...
Perdoa por não ser eu tão humilde como a nuvem,
Nuvem que passa sem querer ser vista...
Perdoa, porque não consigo ser tão constante como o sol,
Sol que todos os dias amanhece e anoitece sem falta,
Perdoa, porque sou meramente substituível e quase nada.”
Escutando aquilo de minha própria alma
Saí logo de perto daquele lago,
 não me contive e chorei, estaria ela certa?
 Será que não existe razão na minha existencialidade?
Foi quando pensei...
Uma árvore vive centenas de anos.
 Já um inseto, poucas semanas...
Será que a árvore acha sua vida longa?
Será que o inseto acha sua vida curta?
Ou será que para eles a vida tem o mesmo tamanho que tem pra mim?
É, mas isso não responde a minha pergunta inicial...
Por que eu vivo?
Percebo agora que até o tapete de meu quintal encontra
a perfeição de sua existência sujando-se com os sapatos,
Já um bom remédio, curando,
Já um bom veneno, matando.
E tenho certeza que essas coisas encontram o sentido de suas vidas, aperfeiçoando seus objetivos...
E eu?
Completando minha agonia, vejo que se eu banisse desse mundo
 qualquer ser, haveria tal desequilíbrio,
Que afetaria tudo que eu conheço de mundo hoje.
Só que eu, como não tenho razão existencial,
posso desintegrar-me, que não afeto nada...
E nem precisarei ser motivo de piada de pedras.
Mas...
Agora tudo parece claro... Realmente eu não tenho razão de existência...
Eu sou a razão de tudo... Tudo existe pra mim...
Eu sou a razão, é obvio...
Se tudo que existe tem uma razão...
Não estaria existindo lá por acaso... Está lá por mim...
Eu sou o Observador... Sou eu que contemplo tudo...
Eu que admiro a vida das coisas...
Então eu tenho uma grande razão de existência agora:
A existência de tudo, sem mim tudo que existe não tem razão.
EU NÃO SOU SERVO, SOU REI.
Voltando lá na beira da estrada, onde as pedras estavam...
Não as encontrei,
Na verdade, de tão eufórico pela descoberta do meu reinado.
Acho nem as procurei direito...
Corri no pequeno lago pra contar as boas novas à minha alma,
 Encontrei-a chorando...
- Não chore minha rainha, escute os pássaros,
 Sinta o calor ameno do sol das cinco, já amanheceu...
Temos um longo e lindo dia pra cuidar de nosso reino,
Você e eu.
                                                                                                                  Davson Sobral

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

RECADO PRA VOCÊ LEITOR

1- VOCES PODEM USAR MEUS ESCRITOS COMO DESEJAREM TODOS SÃO REGISTRADOS E PATENTIADOS EM MEU NOME, DESDE QUE DIVULGEM O BLOG.
2- QUANDO UM POEMA MEU TIVER SIDO CRIADO NUMA DATA MENOR QUE 1 ANO, COLOCAREI A DATA JUNTO AO TÍTULO.
TODOS POEMAS SEM DATA FORAM ESCRITOS A MAIS DE 1 ANO
3- (MAIS IMPORTANTE) PAREM DE ME PERGUNTAR SE ESTOU PASSANDO POR PROBLEMAS  EMOCIONAIS. NÃO SEJAM TOLOS, LEIAM "AUTOPSICOGRAFIA" DE FERNANDO PESSOA (tá no meu perfil de orkut) Obrigado.
Mensagem de um Pessimista

Aproveite o dia de hoje, não reclame, esteja grato, agradeça sempre,
 não se incomode tanto com a prosperidade dos outros,
nem também com a falta do que você tanto almeja,
 nem reclame pela estrada que você está seguindo,
 não diga que as coisas andam ruins ou que você não está satisfeito...
Amanhã tenho certeza que você vai viver algo muito pior, ruim e triste
 comparado a o que você vive hoje...
Por isso repito mais uma vez: aproveite bem o dia de hoje.
Davson Sobral

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

A NATUREZA DO SILÊNCIO



Dedico esse poema ao maior barulho que já existiu,
tão alto que por mais longe que estivermos, dos outros e do mundo,
                              ainda sim o escutaremos. O Silêncio.”          (Davson Sobral)

  O Silêncio existe?
 Silêncio é ausência de Barulho?
Ou Barulho é a ausência de Silêncio?
Seria o silêncio um tipo barulho?
É comprovado que inúmeras faixas sonoras são imperceptíveis ao ser humano...
Então o que é para mim silêncio pode ser barulho para um cachorro ou morcego.
Enquanto leio um livro...
Paro e escuto as máquinas a construir um edifício ao meu lado,
No começo, parece-me incômodo, depois percebo o barulho em curtos instantes,
Logo após, está ele imperceptível para minha mente ocupada com o livro.
E ainda mais, agora esse barulho ensurdecedor,
 “apaga” os outros sons rua e da vizinhança
 e torna-se pra mim até cômodo, parece com o silêncio de uma biblioteca...
Só que de repente quando ele cessa...
Levo um grande susto, (!!!)
Que ironia !!!
O silêncio me assustou como um grande barulho...
Concluo: Se existir um grande barulho como esse desde o início da minha existência,
 nunca o perceberei, pelo menos até que ele pare.
Ora, se em apenas alguns minutos já deixei de escutá-lo,
Que dirá em anos?
Dizem que o mundo foi criado, se Ele foi criado como dizem,
Obviamente antes; não se existia barulho.
Pois, nem se quer existia-se algo,
Sendo assim, se algo existe realmente...
 Esse algo é o silêncio.
Sempre existiu, habita entre nós, sempre existirá...
Até depois de nós; Ele ainda estará aqui.
Ele era antes desse poema e será ainda depois do ponto final.
E ainda só, pense comigo...
“NADA SE CRIA, TUDO SE TRANFORMA”
Sendo assim, se você fechar seus olhos agora e imaginar,
Uma coisa que você nunca imaginou,
Por exemplo:
Um cavalo branco com círculos pretos espalhados pelo corpo...
Onde estava esse cavalo antes de ser imaginado?
Na sua memória?
De maneira nenhuma!
Você nunca o tinha imaginado...
Onde ele estava então?
Ele era Silêncio.
Antes éramos Silêncio...
Agora somos barulho...
Breve seremos silêncio outra vez.

_______ DAVSON SOBRAL _______